domingo, 1 de julho de 2018











                                   

                         
                             
                                                  Estava sentada na pedra, quebrando licuri. As galinhas esticavam o pescoço para roubar o bago, mesmo antes de quebrar. Impacientes. Tinha de ter cuidado para não bater a pedra na cabeça delas. Patos também faziam isto, contudo, ainda eram mais pacientes. Os porcos ficavam de longe, quebravam o licuri com os dentes, não precisavam de ajuda. Não sei porque ainda não inventaram u´a máquina para quebrar licuri. Tão importante, e ainda não fizeram isto. É preciso uma eternidade para quebrar um quilo de licuri, e vender inteiro é muito barato. Os armazéns preferem-nos quebrados. Fazer sabão, óleo de coco e outras coisas. Levam para Juazeiro e Petrolina para a fábrica dos Coelho. Muito rico, o alicuri. ´Tanta coisa se faz com ele e nem assim tem valor. Cozido, então, como é gostoso. Cozinha-se quase verde, de vez. Para se comer com café. Desde cedo aprendi a lutar com licuri. A gente tamém come seu palmito. Não é muito gostoso, mas dá pra comer. Comida de pobre, dizem. Gosto mesmo é do cozido. Também gosto da paçoca. Pisa o licuri no pilão com açúcar ou rapadura e farinha. Também para comer com café.
                                      Estava assim sentada na paz da tarde. Aqui, acolá, grito de passarinhos. O tamborilar do pica-pau, a fogo-pagô, o misterioso peixe-frito ou matintaperê quando ouvi um tropel de cavalos ainda longe. Iti malia, lá vem coisa.

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