quinta-feira, 27 de setembro de 2018










                                                    Sila, ilda Ribeiro, de Poço Redendo em  Sergipe. Eu arrumo minha mala para sair para a rua. Mas Zé Sereno vai se casar comigo. A gente tirava uma pedra  e colocava no mesmo lugar, para esconder os rastros. A gente entrava para o cangaço mais pela brutalidade da volante. Lampião não era mal, roubava comida, bode na catinga cujo dono nem se sabia quem e se dividia entre os mais pobres. Nossa comida era dividida. Ninguém fala disto. Cangaço era resistência. Resistência ao coronel. Safados eram. A gente, nem melhor, nem pior que os outros. O fazendeiro roubava o pobre. Na conta na hora do pagamento, na conta de tarefa, quando ia pagar o trabalho. Roubava em tudo e ficava por isto mesmo. Quem reclamasse, cadeia. Lá, tinha mais trabalhador que ladrão. Era sim, o cangaço, uma resistência.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

TERESINHA, TU HOJE VAI











                                                Oh mundão vei, sem porteira, não acaba não mundão, tu é muito bão. Nem a seca nos desgosta. É até bom, limpa o sertão de um bocado de nojeira, lama nos pés, resfriado e catarro, frio danento na pele, sem roupa pra´gasalhar. Teresinha, tu hoje vai, Teresinha, tu hoje vai, Teresinha, tu hoje vai. Tum, tum, tum, tum um tum. Acorda, mamãe, vem ver a pancada do pilão bater. A pancada do pilão bater, acorda mamãe vem ver. Aqui hoje nós vadeia. Aqui hoje nós vadeia, aqui hoje nós vadeia, oh dona da casa, aqui hoje nós vadeia, aqui hoje nós vadeia. O batuque comendo no centro. O capitão adora nossos sambas, tinha prazer cantar pra ele.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018












                                      Onde estás agora, neste mundão de meu Deus, meu bem querer. Em que toca, em que loca tu te escondes. Oh vida, quisera eu nunca ter vivido, pra viver vida assim. Queria tu aqui comigo, pisando pilão, catando feijão, isto é que é vidão. Vorta Betinho, vamos fazer um angu, cantar uma chula, rolar pelo chão. Tu não sabe a falta que tu fazes nos sambas que hoje se canta. Todos choram tua falta. Ninguém puxava uma chula como tu. Ninguém segura um batuque com tu. 
                               Sonha América, o sonho esmaga a realidade. 

segunda-feira, 3 de setembro de 2018












                                 Seu moço, eu sou lá do sertão, do interior, bem  lá do mato, a catinga, o roçado, o meu trato. De lá quase não saio, aqui, não tenho amigo, aqui, posso dizer, eu vivo, mas vivo contrariado. Me faz falta ovo fresco de galinha, batido com farinha e fritado no toucinho, trincando nos dentes o torresmo, bebendo da moringa a água fria. Ah, seu moço, eu quase não sei de nada, sou como rês desgarrada, nessa multidão, boiada caminhando a esmo.