segunda-feira, 7 de outubro de 2024

                



         


              Me doe, me doe. O que estava acontecendo? O doente era eu, e cheio de razões, não sabia. Coiteiro, ele era amigo de Lampião, mas também de matador de cangaçeiros, porque, dizia,  Lampião não era cangaceiro. Não roubava de graça, sim de vingança, não roubava de pobre, sim de rico. Presenteava o coiteiro, sua família, protegendo-a de jagunços e dos arruaceiros. Não aparava crianças com punhal. Nem fazia ninguém dançar nu.

domingo, 11 de agosto de 2024

 






            Ai que saudade,  candeeiro, do cheirinho do gás, das sombras na parede, tio Cândido fazendo medo, das histórias, a seu pé. Tio Pedro lendo o ABC de Pedro Malas-artes, a pulga mordendo a gente na virilha, o cachorro bufando e expulso da sala, a velha da trouxa pedindo esmola, a gente, de manhã no chiqueiro dos bodes, curar bicheira e soltar na capoeira! Primeira vez na casa de Tio Cândido no Lagedo Alto, deixa o vai chover, se molhar e pegar um resfriado. Sodade, dizia, quando morrer. Queria ir pru céu forrado de nuvens de samambaias, cheio de anjos de cara redonda e cabelos como as samambaias caídas do pé margoso. Queria que lá tivesse licuri para quebrar e tomém para cozinhar é muito milho pra fazer fufuta e comer com rapadura.