Enquanto isto, lá prás bandas da Ponta da Serra, n´Ourissanga, os cabras de Lampião, acoitados na fazenda de Zulé, planejavam invadir Monte Alegre para dar uma surra no Coronel Pedreira por ter denunciado à Volante sua presença nas redondezas, o ano passado, o que causou uma baixa muito grande nos seus cabras, ocasião na qual perderam Fífó, Cassutinga, Aimpim Brabo e outros cabras de valor. Fora numa quinta-feira. Forrozavam no pé da serra. Estavam tão acostumados com a tranquilidade do lugar que já brincavam desarmados e às vezes, exageravam na bebida, coisa que não acontecia em outros coités, quando, prevenidos, dançavam como se estivessem indo para a guerra. Pois, neste dia, os meganhas chegaram de improviso, atirando para todos os lados. Quando os cabras acordaram para o que estava acontecendo, já havia morrido gente, tanto cabras quanto pessoas que acorriam a estas festas para se distrair, por falta de opção de outros lazeres. Ainda assim, resistiram e obrigaram a Volante a recuar, fugir. Hoje, estão de volta, mas para se vingar do coronel linguarudo, do que por outra coisa. Estavam ali, sob as ordens de Corisco, pois lampião ficara pras bandas do Orobó. América os informara. Foi coronel Pedreira o denunciador. Ele não perde por esperar, dissera Virgulino, o capitão, rei do cangaço, cuja promessa nunca é esquecida. Podiam passar os meses, os anos, mas o capitão voltava. Não para fazer atrocidades como faziam a policia e os capangas dos coronéis, mas para cobrar justiça. Lampião se vingava dos coronéis que ele considerava mal, tirando-lhes bens e mantimentos para dar aos necessitados. Por isto, talvez, tenha Lampião resistido tanto às investidas da Volante e dos capangas dos coronéis. Roubar dos ricos para dar aos pobres, lema do cangaço, por isto mesmo era combatido pelos senhores da terra. Um para a paz social, diziam, agrediam o direito de propriedade.
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