domingo, 8 de agosto de 2021







                    É Lampa, é Lampa. é Lampa, é Lampa, é  Lampião. Ela, a prima, foi internada num asilo, um local, dizem, sinistro capaz de endoidecer um, inda mais quem já doido é. Aroeira, cheia de arenga. Enloqueceu de paixão por um caba de Lampião. A família descobriu e antes que fugisse com o caba, (Assim terminava o namoro proibido), a internaram no Convento de Santa Clara do Desterro, na Bahia, famoso por receber mocinhas desencaminhadas e praticar a agiotagem na Bahia e até em outras regiões. Lá, parece, as orações não suficientes para amainar a paixão pelo cangaceiro e ela entrou em parafuso de verdade. As monjas, mais agiotas do que santas, certamente não gostavam de ter trabalho com mocinhas insanas e a transferiram para um sanatório.

                  Lá, um belo dia, ela sumiu. Procuraram-na em todo o asilo e não na encontraram. Nem Freiras, nem médicos se importaram muito com o fato. Tinha voltado pra sua, ou talvez estivesse com os cangaceiros. 

                       Passados quarenta e dois dias, um servente da limpeza, ao inspecionar uma ala de doenças infecciosas, fechada há muitos anos, encontrou seu corpo, frio, desnudo e intacto, quase.

                       Parada cardíaca, disseram os médicos, mas não conseguiram explicar a mancha deixada e ainda visível, no assoalho, nem as vozes que se ouvem, nem os chiados de macas arrastadas, nem as sombras de pessoas, nem as luzes que se veem no velho sanatório, onde parece, todos, por maldição,  enlouqueceram. 

                          Muitos dizem sentir sua presença, ouvirem seus passos e verem rabiscos nas paredes, um dos quais dizia: Eu nunca fui louca. 

                                É de esfriar o saco do caboclo. Eu, hein! 

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